quarta-feira, 20 de maio de 2009

Escada em Espiral

...Ele tentou ignorar, mas ela o chamou ainda mais alto, acabou tendo que voltar para cumprimentá-la.
-Oi, há quanto tempo! Nunca mais o vi por ai...
-Andei viajando – respondeu em um tom meio duvidoso. - ela riu; sabia que ele havia mentido.
-Legal! Foi para onde?
-Na verdade não estava exatamente viajando, estava em Teresópolis...
-E como estão todos por lá? Foi fazer o que lá?
-Bem, bem. Quase não os vi, indo e voltando pro Rio todo dia por causa do trabalho, chegava muito cansado em casa e ia direto dormir. Fui colocar a cabeça no lugar, dar uma descansada, acabei ficando quase três meses. E você?
-To bem! Abri outra loja... Vamos lá pra casa, tomamos um café e colocamos o assunto em dia, ainda moro aqui perto, no mesmo lugar. – Joaquim tentou pensar em alguma coisa pra recusar o convite, mas nada lhe ocorreu , acabou aceitando com um aceno de cabeça.



-Hahahahaha – ela riu no momento em que lhe entregava a xícara – Sabia que você ia se sentar ai. Você sempre sentava ai na escada quando conversávamos madrugada adentro.
-Tem alguma coisa reconfortante na sua escada, nunca soube explicar o que é.
Ela parecia muito confortável com a situação, falava e ria com naturalidade, enquanto Joaquim se esforçava terrivelmente para sorrir e levar o assunto adiante.
-Voltou quando de Tere?
-Hoje mesmo, na parte da manhã – de nada adiantou ter ficado lá tanto tempo pra hoje acabar encontrando com você, ele pensava.
-Sentiu saudade do calor daqui, né? Você ia à praia sempre que podia!
-É verdade e acabei enjoando de subir e descer todo dia, leva-se muito tempo só fazendo isso.
-Tô vendo, não sobrou tempo nem pra você fazer a barba – Joaquim levou a mão no rosto e só então percebeu como estava barbado. De repente assustou-se, Larissa havia repousado a cabeça no seu ombro, ela nunca havia sentado ao seu lado na escada. – Acho que entendi o que você quer dizer com o lance reconfortante que minha escada tem. – Ele terminou o café que restava e com um movimento suave afastou a cabeça dela do seu ombro, deixou a xícara em cima da mesinha de centro e saiu.

4 comentários:

  1. Que situação, hein? :/
    Bem, pelo visto ele não superou, né? Ou superou quando saiu?

    Beijo!

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  2. Essa Larissa não deve ser fácil...

    rsrs

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  3. ...

    gostei

    e não apenas isso, acho que o texto tem uma carga de sentimento talvez dificil de entender... as relações terminam mas as pessoas continuam lá, as vezes tentando resgatar alguma coisa do que já não é mais possivel. É triste, mas a polidez meio hipócrita de fingir tudo estar bem é bem mais triste.
    Fez bem em ir embora

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