sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O turno da meia noite, a melhor coisa nele é quando os olhos começam a coçar, nesse mesmo instante a camisa encosta confortavelmente nos braços e a cadeira acolhe o corpo inteiro. A mão se esfrega no rosto, antes de distraída buscar a garrafa de café, a xícara... Então, os olhos encaram o café que os encara de volta, nesse momento entende-se a vida, toma-se o café e a camisa fica áspera novamente.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

post explicativo


"Um homem é o que ele lê, come e bebe na vida. Logo deve escolher a melhor leitura, a melhor comida e a melhor bebida, o café..."

Johann Wolfgang von Goethe


A imagem anterior era de uma pintura feita totalmente com café, ela e outras são encontradas em http://www.justcoffeeart.com/.
A imagem atual é uma pintura de Candido Portinari chamada “Cabeça de Velho”.
Achei importante essas referencias.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A velha casa

Quando abriu a porteira foi a primeira vez que notou que ele tinha ido para sempre. Ele sempre a recebia com seu sorriso costumeiro.
Com passos tristes passou pelo jardim, lugar do qual seu avô tanto se orgulhava e cuidava (agora apresentava algumas flores secas).
Entrou na casa, passou os dedos por uns móveis empoeirados, foi até a parede cheia de fotografias encontrou no meio delas uma em que passeava de mãos dadas pelo jardim com ele, mais tarde passariam varias tardes conversando no banco de madeira que ficava de frente para as flores.
Foi até a cozinha, fez um café forte sentou- se na mesa e pôs-se a chorar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A cadeira continuou balançando, a rigidez do corpo não assustou as pessoas tão acostumadas com a rigidez do homem, e assim, durante toda a tarde o velho permaneceu morto, sem que ninguém desse por conta.
As mãos continuaram no colo, os óculos no rosto, e a expressão dura que tanto assustava os vizinhos, com aqueles olhos cerrados ao dormir, coisa de quem nunca descansa, nem na morte.
Sei que esse momento de tanta privacidade, essa morte ocultada pela rotina, sem choro ou despedidas, é o que ele iria apreciar.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Seu Astolfo III

-Esses malditos gatos! Ninguém pode dormir com esses miados todos. Odeio gatos! – Levantou-se irritado, pisando forte, abriu a porta da sala, chegou próximos aos gatos e gritou: -AHHHHHRG! – Os gatos fugiram.
Depois de 15 minutos de silêncio novamente os miados, mas seu Astolfo sabia que eles retornariam e da janela mesmo arremessou um balde de água fria nos bichanos que foram embora e não voltaram mais naquela noite.

-Bom dia, Ast! Nossa que cara é essa?
-Não dormi direito, esses malditos gatos... Sabe, Elena? Precisamos de um cachorro, um dos grandes!
-Por que disso?
-Ora, por quê? Pra espantar os gatos, óbvio! Toda noite acordo com seus sons infernais!
-Ah, deixa disso, deixa os bichinhos namorarem em paz!
-Você só fala isso porque tem o sono pesado, dorme feito pedra. Além do mais,
já me decidi. Terminando o café vou lá fora e só volto com um cachorro.

Depois de três horas seu Astolfo voltou com um rottweiler.
-Meu Deus do céu, Ast! - Espantou-se Elena ao ver o tamanho do cachorro.
-É, e só tem três meses! – respondeu sorridente – Já escolhi o nome.
-Qual?
-Matagato.
-Mata gato?
-É, assim mesmo, tudo junto.

Com o cachorro no quintal os gatos nunca mais voltaram, mas seu Astolfo parecia incomodado com alguma coisa. – Que há com você, já têm uns dias que ta meio emburrado?
-Sabe? Vou dar o cachorro.
-Por quê? Ele não espantou os gatos como você queria?
Seu Astolfo respondeu rindo: - É que continuo acordando de madrugada e não tenho mais o que fazer, antes ainda tinha os gatos para espantar.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

“Você sabe o que é olhar a sessenta anos para o céu e ele ter a mesma cor?”
— Nossa que frase linda, o diretor sabe mesmo como é, não é vô? A monotonia da vida...
— Hahahaha, ele não tem nem trinta, sabe nada... e o céu é tão bonito.
—Mas deve cansar um dia.
—Cansa vocês, para mim é melhor que ele fique assim, acho que ele muda demais até. Vocês são muito novos para entender, um garoto não pode entender um velho, aquilo é só uma frase idiota que tive que falar no filme.

O velho vai para fora, acende um cigarro, olha para o céu: “é companheiro, eles sempre querem que a gente mude o tempo todo, mas que desconforto”.