sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Quando dona Lúcia morreu a rua se assustou, percebendo que os bons também morrem. Nem a mais gorda das fofoqueiras do bairro soltou um pio de sua maldade, constrangida com a morte, que dessa vez deu um golpe baixo demais.
Todos pareceram mais velhos, comentando a fraqueza da vida e a tristeza do fim, praqueles homens e mulheres, de repente a morte se revelou em tudo, as vozes sopravam baixo o preço das coisas, ou o que precisavam comprar, ou que o filho já não vinha mais.
Qualquer que fosse a necessidade de fala, era um sussurro temente à fragilidade do corpo, que podia arrebentar. A morte, quando levou dona Lúcia, parecia ter se mudado pra lá, praquela cadeira que ficou vazia, mas não parava de balançar.