quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A jarra caiu. Em um dia como qualquer outro as mãos fortes do meu pai ficaram trêmulas e seu corpo não suportou o tempo e sua mente se quebrou com a pressão da vida. Era o fim do homem que me ensinou a ser homem. Tudo perece. O padre, um velho amigo do meu pai, leu o Eclesiastes durante o enterro. E o vento passou, como se não houvesse nada de novo debaixo do sol, como se nem meu pai merecesse permanecer.
Dizem que quando a jarra de café caiu das suas mãos, ela fez o barulho de um trovão, desses que anunciam a morte de um rei. Eu não sei, era um belo dia de sol e ninguém veio me desejar “vida longa”.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Nenhuma, nem duas, nem três e já!

Passou por mim e fingiu não me ver, normalmente eu ficaria chateado ou cumprimentaria só pra criar uma situação chata (pra ela, não pra mim). Mas fiquei agradecido, dessa vez, por ela “não ter me visto” e saído tão rápido da cafeteria que acabou esbarrando e jogando uma cadeira no chão. Não voltou pra levantar a cadeira. Seguiu em frente de cabeça baixa e passos nervosos.
Sorvi meu café com um riso cafajeste e vencedor nos lábios. O dono da cafeteria, um italiano, com quem eu tinha feito amizade percebeu que eu sentia um prazer diferente com a jovem que saíra tão atrapalhada e nervosamente do seu estabelecimento. Era isso. Depois de tanto tempo eu ainda a incomodava.
Acho que o incomodo se deu por conta de como as coisas aconteceram... Ela quase sempre me fazia uma declaração, que eu não correspondia. Não porque eu fosse sem coração, mas porque ela se dizia mais de uma e eu a deixei incutir em mim essa idéia. Como poderia, eu, saber qual delas de fato era a dona da declaração?
Ela acreditava que era mais de uma. Nunca conseguiu nem ser uma completa.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vida

A gente vai pro trabalho,
Num caminhar credo de procissão
Em que a volta é a treva sem atalho.

Algum pó na água amarela,
A casa é a fome, o lixo e o cão...
A vida feita de café e vela.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pensamento Soltos de um À-toa

Considero o microondas senão a maior invenção da humanidade uma das maiores.
Veja bem, eu moro sozinho numa cidade pequena (uma ainda menor do que onde nasci). Quando disse que mudaria pra cá me disseram que estava cometendo um grande erro... mas não é disso que eu quero falar agora.
Moro sozinho numa cidade pequena, e sempre tenho tempo sobrando; quem já morou/mora em cidade pequena sabe como é. Eu, particularmente, gasto o meu tomando café e pensando besteira... de novo, não é disso que quero falar...
Você já deve ter percebido que tenho problema de concentração.
Bem...se você é solteiro e mora sozinho (pode ser também na ordem inversa) sabe que essas três coisas são verdades imutáveis:
A-Você nunca consegue manter seu apartamento/casa/quitinete em ordem
B- Tem mais cerveja na sua geladeira do que comida
C- Seu fogão é mais um enfeite do que um eletrodoméstico

E é por causa do terceiro fator que eu digo que microondas é uma das maiores invenções do Homem. Não é preciso comer porcaria na rua, porque você pode comer porcarias (des)congeladas em casa. Ou ainda em dias que por algum motivo resolveu cozinhar no almoço, você não vai precisar desistir de jantar só porque ficou com preguiça de esquentar o que fez no almoço, basta colocar nessa belíssima invenção apertar um botão ou outro e esperar 1 minuto, as vezes menos, as vezes mais...

Já a cafeteira foi a pior coisa que inventaram, mas isso eu vou deixar pra um outro dia. O microondas acabou de sinalizar que minha lasgna está pronta.