sábado, 20 de junho de 2009

Música do tempo

Hoje prefere da cadeira, o balanço,
Entoando o próprio ranço
No barulho da madeira.
Peleja contra a melodia,
Em versos sem esperança,
O gemido rouco lança
Uma ode à arritmia.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Seu Astolfo

I

Seu Astolfo caminhava nos seus comuns passos lentos pelo seu jardim, mas de forma tão natural que parecia deslizar, ao chegar à frente do seu banco favorito parou. Deu uma longa olhada ao redor, suspirou, e orgulhou-se do belo jardim que tinha e que ele mesmo cuidava, apesar de sua avançada idade. Sentou-se. Um vento frio soprou e ele chegou um pouco mais para o lado de forma que ficasse no sol.
Mergulhado em profundo pensamento, seja lá o que um homem idoso pensaria, exibia certo sorriso... Talvez estivesse pensando na sua juventude, nas coisas que realizou, talvez no pé de amora do qual tanto gostava e que começava a dar frutos... mas foi interrompido por um outro sorriso, da sacada a doce Bel sorria-o, o que fez com que seu Astolfo apresentasse um sorriso ainda maior. De abrupto ela virou-se e correu. Em questão de segundos entupia seu astolfo de perguntas, como fazem as crianças pequenas e curiosas.
-Vovô, o que você ta fazendo no sol? Por que ta sentado ai sozinho? – ele apenas sorriu. E como se aquilo respondesse tudo ou ignorando as próprias perguntas Mabel prosseguiu- -Me conta uma história?
-Uma história? Mas isso são horas pra histórias? Conto uma a noite!
-Mas eu quero uma agora, de noite o senhor vai acabar não lembrando ou vai dizer que me conta uma amanhã, e vou acabar ficando sem ouvir história nenhuma. -Riu com a esperteza da neta, pigarreou e começou: “Era uma vez”... (e colocou na história tudo que as meninas, principalmente as de seis anos, gostam que tenham: princesa, príncipe encantado, um reino bonito, vilão...).
A verdade é que ele sempre gostou dos vilões, eles que tinham graça, sem eles todas as histórias seriam enfadas, então caprichou no vilão que criou, mas tanto que sua neta ficou com medo e desistiu de ouvir a história. Contudo não se chateou de forma alguma, o seu Astolfo; imaginou o final da história na sua cabeça e riu ao perceber que ficaria muito mais aborrecido se tivesse que destruir seu vilão.

terça-feira, 9 de junho de 2009

post explicativo (4)

na foto: o grande amigo que nunca tivemos

Oh, vida!

...esse gosto ao mesmo tempo resignado e desesperado que tem o vinho com rolha afundada.

Mario Quintana