Quando dona Lúcia morreu a rua se assustou, percebendo que os bons também morrem. Nem a mais gorda das fofoqueiras do bairro soltou um pio de sua maldade, constrangida com a morte, que dessa vez deu um golpe baixo demais.
Todos pareceram mais velhos, comentando a fraqueza da vida e a tristeza do fim, praqueles homens e mulheres, de repente a morte se revelou em tudo, as vozes sopravam baixo o preço das coisas, ou o que precisavam comprar, ou que o filho já não vinha mais.
Qualquer que fosse a necessidade de fala, era um sussurro temente à fragilidade do corpo, que podia arrebentar. A morte, quando levou dona Lúcia, parecia ter se mudado pra lá, praquela cadeira que ficou vazia, mas não parava de balançar.
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Uma vida de respeito estende-se à morte. Quero que a minha assim seja...
ResponderExcluire ainda acho que os bons morrem com mais frequência. Quando eu morrer quero deixar uma cadeira balançando também.
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